domingo, 8 de agosto de 2010

"Quem para de piscar, chegou ao fim..."

A primeira vez que deparei-me com este diálogo foi no Museu da Língua Potuguesa, numa sala que eles chamam de "Praça da Língua". Trata-se de um lugar em que são declamadas várias poesias, ensaios, e até canções por vozes que conhecemos bem, tal qual Fernanda Montenegro, Mateus Nachstergale, entre outros. Isto com toda uma luz envolvendo e sombras nas paredes...só vendo mesmo para saber do que estou falando.
Aí estava lá, envolvida com todas aquelas vozes e sons e de repente me começa um diálogo entre uma boneca e um sabugo de milho, e não é que eles falaram coisas bonitas que me fizeram pensar e me fizeram pesquisar depois...rs
Isso já faz quase 3 anos, mas depois que ouvi esta audição no museu cheguei em casa e fui pesquisar tal diálogo na internet, desde então sempre o tenho lido e na verdade o tenho quase que decorado, ele é muitooo bonitinho...rs
Se um dia eu resolver ser professora, COM certeza que apresentarei este diálogo aos meus alunos. É muito profundo, muito real, espero que gostem...

***

“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre – perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”


Viver é isso: é um dorme-e-acorda.

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